
Foto: José Cruz / Agência Brasil
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou
nesta segunda-feira (28) que a autarquia precisa "dar o devido tempo para
as defasagens da política monetária fazerem efeito".
"A economia ainda demanda nossa vigilância no que é o
nosso mandato principal que é uma preocupação corrente com uma inflação que
está acima da meta, e a economia ainda está demonstrando sinais ainda
incipientes de arrefecimento", disse o presidente do BC durante evento do
Banco Safra.
Segundo Galípolo, o entendimento divulgado na reunião do
Copom de março continua vigente, e a comunicação do colegiado "foi feliz
ao apontar cenários que se confirmaram".
Galípolo afirmou que o BC acertou ao demonstrar preocupação
com a inflação e ao mencionar a defasagem da política monetária e a incerteza
no cenário econômico global, por causa da guerra comercial entre o presidente
americano, Donald Trump e a China.
No comunicado da última reunião do Copom (Comitê de Política
Monetária), no qual previu alta de juros menos intensa em maio, o colegiado do
BC citou continuidade do "cenário adverso" para a convergência da
inflação, elevada incerteza e defasagens do efeito da política de juros sobre a
economia. Na ata divulgada em 25 de março, afirmou que a piora nas expectativas
para prazos mais longos exige juros mais altos por mais tempo.
De acordo com o presidente do BC, a imprevisibilidade na
economia mundial com a guerra tarifária dificulta o trabalho dos tomadores de
decisão e exige cautela. "Houve a necessidade de a gente fazer o que fez
[elevar os juros] e ainda ter flexibilidade em um mundo onde a incerteza se
elevou tanto", disse.
A expectativa dos economistas ouvidos pelo Banco Central para
o boletim Focus desta segunda é que a taxa Selic ainda deve avançar dos atuais
14,25% ao ano e encerrar 2025 em um patamar de 15%. A projeção de uma possível
queda dos juros está indicada apenas para 2026, com estimativa de um índice de
12,5% ao fim do ciclo.
No início da semana, os economistas consultados para o Focus
reduziram suas projeções para a inflação em 2025 para 5,55%. A previsão para
2026 subiu a 4,51%. O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com margem de
tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa
Angelo, disse em entrevista à Folha que a perspectiva de baixa é ajudada por
fatores como queda no preço da carne, valorização do real frente ao dólar e a
perspectiva de corte no preço da gasolina, com a queda nos preços do petróleo.
Por Bahia Notícias